FORMAS

Havia um tempo, ele estava tentando fazer uma reformulação geral em tudo à sua volta. Mudar as formas, as cores, os conjuntos. Fragmentos e espaços vazios. seus sonhos eram seus objetos, a vontade , sua arma. O caminho era longo e tinha que ser percorrido com calma, uma calma que lhe faltava. Sentia-se longe de si mesmo, mas ao mesmo tempo escondido no fundo daquilo tudo, como se fechado dentro de um mundo ideal, um mundo cômodo, tranqüilo, mas ao mesmo tempo perturbado. Um mundo no qual a distinção entre o real e imaginário era apenas um detalhe, aos poucos ia se lembrando de alguns fatos, e ia se sentindo estranho com tudo aquilo, era como se ele apenas informasse a alguém coisas acontecidas com alguém que ele nunca tivera conhecido, eram palavras incompreendidas, passeios por lugares estranho, fatos distantes, mas ao mesmo tempo familiares a ele. Aquela dicotomização era a chave para o problema. Enxergar a coisa toda como una, esse era o que ele buscava na naquele momento. Um quadro desses que você só enxerga se olhar de longe, mas ir longe do quadro era algo que ele temia ainda. Nunca tinha se afastado mais do que alguns passos e era exatamente isso que o fazia sofrer. Tinha medo, muito medo, medo de ficar sozinho, medo de ficar com as pessoas, medo de ficar fechado pra sempre, medo de se perder. Medo do que lhe diziam medo do que ele próprio fazia. Tinha medo dele mesmo, do que ele podia fazer. E do que não podia...