SONHOS EM FITA CREPE

Era uma rua asfaltada, em curva. O poste à margem do asfalto, formava uma capa negra e uniforme. Era noite e ao lado do carro estacionado junto ao meio fio havia mais alguém. Pacientemente ele ia cobrindo a massa negra de pixe com uma fita crepe gigante, que devia ter cerca de meio metro de largura. À medida que ia colando a fita ao chão, ficava espantado e ao mesmo tempo feliz ao notar que a longa fita ia se curvando, de modo a se adaptar perfeitamente ao desenho da via, sem deixar nenhuma imperfeição, dessas que notamos ao se colar um durex ou algo semelhante em curva, era o asfalto ficando em tom de bege como que por mágica, algo que no mundo real era parecia impossível, que bem ali acontecia, diante de seus olhos e sem nenhum esforço. Ao ver tudo aquilo, ele olhou para a pessoa que ao lado do carro, sorria de felicidade ao perceber que ele finalmente começava a seguir algo que lhe fora ensinado. Naquele momento então ele percebeu que podia moldar o caminho como lhe conviesse.Seguindo o caminha que quissese.

AVALIAÇÕES

Um domingo qualquer, de uma semana que não vem ao caso. Pensamentos, idéias, conclusões, fatos acontecidos, acontecimentos pontuais. E outros nem tanto. Avalio a situação, repenso os testes, analiso os resultados. A que conclusão que chego? Que é tudo mentira, erros já cometidos, recorrentes e infinitos. Cansei. Não quero mais. Vou dar valor a quem merece. Não que seja isso sinal de desistência, mas dar murro em ponta de faca é burrice. Seguir um padrão é uma coisa, insistir em algo para me testar é outra, completamente diferente. Chega. Deu. Acabou. Garanto que quem sai perdendo disso tudo não sou eu. Muito pelo contrário, melhor que seja assim.

RETORNO

Tudo volta, as coisas acontecem de novo e de novo, Diana, ciclos, eternos retornos, troféus, prêmios e títeres. As dúvidas são as mesmas, orientam a conversa e os acontecimentos, aviadores voando baixo sobre nossas cabeças, o hermetismo recorrente e a mesma pergunta de sempre: terá um fim próximo tudo isso? . Ansiedade em resolver, em perguntar, em responder, em fazer. Em chegar ao fim... Mas onde é o fim? Aliás, existe fim?

EU CANHOTO

A pressa me atropela. A ânsia de me escrever, de gritar, de gozar, de me comer. Tenho fome, sinto sede, uma coisa acaba me levando a várias outras. Penso no passado, e acabo por resgatar emoções indescritíveis, que em vão tento descrever, as tornando então mais presentes na minha forma de ver o mundo... Uma ótica canhota, uma forma 'ao contrário' uma maneira única. Já me chamaram e louco, de caótico, já me disseram que sou idiossincrásico demais. Porra. Quem não é? Todos temos uma forma única (e idiossincrásica) de ser. Sou assim, me ame quem quiser. E fodam-se todos os outros.